O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição mental desencadeada por uma experiência traumática intensa, como abuso, violência, acidente, desastre ou qualquer evento que cause medo extremo ou sensação de impotência. Mas para além das emoções visíveis, o TEPT envolve alterações profundas no funcionamento do cérebro, e é justamente nesse ponto que a neuropsicologia se torna essencial para compreendê-lo. A neuropsicologia é uma área que estuda a relação entre o cérebro e o comportamento. Ela busca entender como lesões, disfunções ou alterações em determinadas áreas cerebrais afetam a memória, atenção, linguagem, emoções e personalidade.

          No TEPT, há mudanças especialmente em três áreas do cérebro:

  1. Amígdala – responsável por identificar ameaças e ativar o estado de alerta.
    → No TEPT, ela fica hiperativa, fazendo com que a pessoa esteja constantemente em estado de medo ou vigilância, mesmo em situações seguras.

  2. Hipocampo – ligado à memória e à distinção entre passado e presente.
    → Em pessoas com TEPT, o hipocampo pode estar reduzido em volume e funcionar mal, o que dificulta perceber que o trauma já passou. Por isso, a pessoa pode ter flashbacks ou sentir como se estivesse revivendo o trauma.

  3. Córtex pré-frontal – controla o raciocínio, o julgamento e a regulação emocional.                                                                                      → Em casos de TEPT, essa região costuma estar menos ativa, dificultando o controle das emoções e a capacidade de “desligar” a resposta de medo.

        Mas, como isso pode afetar o comportamento?

    A pessoa pode se sentir em alerta constante, como se o perigo fosse acontecer a qualquer momento, pode ter dificuldade de concentração, memória comprometida, ou ficar emocionalmente instável. Surge uma tendência ao isolamento social, reações exageradas e crises de pânico diante de gatilhos do trauma, além de emoções como culpa, vergonha, raiva ou tristeza profunda são comuns. Neste sentido, a neuropsicologia é essencial na avaliação e reabilitação de pacientes com TEPT, por meio de testes específicos, o neuropsicólogo pode identificar: quais funções cognitivas foram afetadas (memória, atenção, linguagem, etc.); o impacto emocional e comportamental do trauma; estratégias de enfrentamento que podem ser desenvolvidas ou fortalecidas. Além disso, com base nos resultados da avaliação, é possível construir planos terapêuticos personalizados, muitas vezes em conjunto com psicólogos clínicos e psiquiatras.

   Entender o TEPT pela neuropsicologia nos permite ver o trauma não apenas como uma ferida emocional, mas também como um sofrimento cerebral real, com alterações visíveis e mensuráveis no funcionamento da mente. Isso reforça a importância de buscar tratamento adequado, que não apenas alivie os sintomas, mas ajude a reestruturar o equilíbrio neuro emocional da pessoa, restaurando sua autonomia, saúde mental e bem-estar.

Psicóloga e Neuropsicóloga Mara Plati

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