O sentimento de vazio parece se fazer presente muito mais do que imaginamos, às vezes até confundimos com depressão ou uma “fase ruim”, sei lá, o fato é que esse “sentir-se vazio”, pode ser uma sensação de que falta algo importante em nossa vida, mas não conseguimos identificar exatamente o que é, como se, apesar de termos muitas coisas ao nosso redor — seja trabalho, amigos, ou até conquistas — ainda houvesse uma lacuna emocional, uma falta de conexão com algo mais profundo, claro que também pode surgir de diversas situações, como períodos de perda, mudanças significativas ou mesmo desconexão interna, mas, a meu ver, se faz necessário pensar que viver em uma sociedade onde prioriza o sucesso material, as redes sociais, e as aparências, pode ser fácil perder de vista o que realmente importa para nós, criando uma sensação de insatisfação e busca incessante por algo mais.

A vida contemporânea, com toda sua tecnologia, rapidez, pressões, mudanças e expectativas, pode criar um cenário onde, apesar de estarmos mais conectados do que nunca, também podemos nos sentir mais distantes de um propósito ou de uma sensação de realização pessoal e, neste contexto, o vazio pode surgir de uma desconexão com nossos valores e objetivos autênticos.

Me arrisco a dizer que a busca incessante por sucesso, seja no trabalho, na vida pessoal ou nas redes sociais, gera uma pressão constante para atingir padrões muitas vezes irreais ou insanos. Entender que o desejo de “ser perfeito” pode resultar em ansiedade, estresse e uma sensação de inadequação, isso aliado a uma comparação constante com os outros, também, amplificada pelas redes sociais, cria um ciclo de insegurança e insatisfação, medo de não ser suficiente ou de falhar. Essas expectativas, muitas vezes, irreais sobre como as relações devem ser perfeitas, podem gerar frustração e desconfiança, aliado a rapidez com que as interações acontecem e as demandas de um estilo de vida agitado podem dificultar a construção de laços sólidos, contribuindo também para esse sentimento de vazio, ou sensação de desesperança, desinteresse pelas atividades que antes traziam prazer, ou até um certo cansaço existencial, onde parece que nada realmente preenche o que estamos sentindo por dentro.

O que fazer então?

É importante lembrar que, embora esses sentimentos sejam desafiadores, também são uma oportunidade para refletir sobre o que nos traz significado e como podemos alinhar mais profundamente nossas ações e escolhas com o que realmente valorizamos. Ver o vazio não como um fim, mas como uma oportunidade de crescimento pessoal e autoconhecimento, onde a pessoa pode, ao enfrentá-lo, encontrar novos significados e novas formas de viver.

Buscar apoio emocional, conectar-se com outras pessoas de maneira genuína e até praticar a autorreflexão podem ser passos para encontrar mais sentido em nossas vidas. Precisamos de um momento para parar, respirar e refletir sobre o que realmente faz sentido para nós.

O  que realmente importa, para mim, nesse momento da vida?

Pergunta como esta deve ser respondida, mas o problema é que a grande maioria das pessoas não percebem como é importante esse tempo para parar e tentar responder, muitas têm medo de diminuir o descompasso por achar que vão perder oportunidades ou ficar “para trás”. Perceber que sociedade atual valoriza o movimento constante e a busca incessante por mais, fazendo com que a pausa seja vista como uma falha ou perda de tempo é compreender a sua real importância dentro seu mundo interior, seus valores e sua importância naquilo que realmente te traz benefícios. É crucial que as pessoas comecem a reconhecer a importância da pausa, do autoconhecimento, da reflexão, do autocuidado, não como algo opcional, mas como uma necessidade vital para a saúde mental e emocional.

                                                                                                                                                              Psicóloga e Neuropsicóloga Mara Plati