Eu fiz a avaliação neuropsicológica em um jovem de 25 anos que sofre há alguns anos com convulsões por, pelo menos, quatro vezes ao ano, mas seus exames de imagem, como ressonância magnética e eletroencefalograma, não constaram nada de anormal em relação a atividade cerebral, os médicos (neurologistas) diante destes resultados descartaram a hipótese de epilepsia. O que este rapaz vem tendo é o que chamamos de CNEP (Crise não epiléptica psicogênica). Em definição atual, crises ou ataques recorrentes são manifestações comportamentais semelhantes às da Epilepsia, mas que dela diferem por não serem consequentes de descargas elétricas cerebrais anormais, podendo ter origem psicogênica (origem psicológica).

Estas crises, as CNEP, são reações do  “transtorno de conversão com convulsões”, este refere-se a episódios de convulsões que ocorrem sem uma causa neurológica identificável. Aqui estão alguns pontos importantes sobre essa condição que podem incluir as convulsões, fraqueza muscular, paralisia, problemas de coordenação, perda de sensibilidade, entre outros. As convulsões podem se assemelhar a convulsões epilépticas, mas geralmente não têm as mesmas características elétricas no cérebro.

Outros aspectos psicológicos com CNEP e determinados contextos sociais que podem predispor, precipitar ou perpetuar as crises são: dificuldades de atenção e aprendizado; sobrecarga de atividades, escolha equivocada de curso, bulling, problemas no trabalho quando há alto nível de exigência, ambiente competitivo ou hostil, cansaço, problemas financeiros, como desemprego, dívidas, promoção recente, problemas legais em atividades ilícitas, processos judiciais, prisão, problemas na família tais como: dificuldades de relacionamentos, agressão e violência, seja física, verbal ou emocional, problemas com amizades, problemas de saúde como doença aguda anterior à CNEP, quadro infeccioso grave, doenças crônicas, dor, problemas psicológicos onde há falta de assertividade, dificuldades para discriminar e expressar as emoções e os sentimentos, impulsividade, repertório social restrito, baixa autoestima, dificuldades com a sexualidade, além de questões relacionadas a depressão e ansiedade, por exemplo.

Acredita-se que o corpo possa “converter” esses conflitos emocionais em sintomas físicos, podemos dizer que a pessoa que sofre com essa condição, utiliza, assim, a dissociação como um tipo de mecanismo de defesa, pois a situação ou experiência é simplesmente muito difícil e traumática para que possa ser tolerada ou resolvida de maneira consciente e racional.

O diagnóstico é feito por um profissional de saúde, geralmente após a exclusão de outras condições médicas que poderiam explicar os sintomas. Isso pode envolver exames neurológicos, testes de imagem e avaliações psicológicas.

O tratamento pode incluir terapia psicológica, como a terapia cognitivo comportamental, que ajuda a pessoa a lidar com os fatores emocionais subjacentes e pensamentos disfuncionais. Em alguns casos, a fisioterapia pode ser útil para ajudar a recuperar a função física.

O prognóstico pode variar. Algumas pessoas podem experimentar uma resolução completa dos sintomas, enquanto outras podem ter episódios recorrentes. O apoio psicológico e a compreensão do transtorno são fundamentais para a recuperação.

É importante lembrar que, embora os sintomas sejam reais e possam causar sofrimento significativo, o transtorno de conversão não é uma “fingimento” ou uma “simulação”. As pessoas que sofrem dessa condição precisam de compreensão e apoio adequados. Se você ou alguém que você conhece está enfrentando esses sintomas, é essencial procurar ajuda profissional.

O diagnóstico é feito  por um profissional de saúde, geralmente após a exclusão de outras condições médicas que poderiam explicar os sintomas, isso pode envolver exames neurológicos, testes de imagem e avaliação neuropsicológica.

Psicóloga e Neuropsicóloga Mara Plati

 

 

 

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